Vidros corta-fogo

Precedente aberto em São Paulo pode ajudar a criar norma nacional para uso de vidros de segurança contra incêndio em obras comerciais.

Vidros corta-fogo

A procura por vidros de segurança do tipo corta-fogo ainda é baixa. Uma das possíveis barreiras que impedem a popularização deste vidro no mercado nacional é a falta de uma norma interna. Um caso pioneiro no Estado de São Paulo pode ajudar a mudar essa situação.

Vidros corta-fogo

Trata-se de uma obra feita numa instituição financeira, que utilizou uma porta dupla de vidro corta-fogo em dezembro do ano passado. Até então isso não seria grande novidade, pois, apesar de incomuns, existem outros exemplos de estabelecimentos comerciais com este tipo de vidro. A diferença é que a obra passou por uma homologação junto ao Corpo de Bombeiros.

Para isso, foi analisada a norma europeia – já que não existe uma brasileira –, além de todos os testes certificados disponíveis, para só depois validar a obra do banco. Foi um trabalho que, em meio a vários questionamentos do Corpo dos Bombeiros, durou dois anos para sua completa aprovação. À frente desse processo estão representantes da indústria do vidro e do aço.

Com escritório na capital paulista, a Jansen Brasil atua na especificação técnica e venda de projetos que contemplem obras com vidro corta-fogo, como no caso de sua cliente citada – uma instituição bancária, cujos vidros para a obra vieram da Alemanha; os perfis de aço foram trazidos da Suíça, sede mundial da Jansen.

Defensor de uma legislação que atenda às necessidades do mercado, Manoel Dimas, diretor da Jansen Brasil, acredita na real possibilidade de uma norma brasileira. “Estamos trabalhando para isso. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) precisa ser ‘provocada’, ela é apenas uma catalisadora. Hoje, por exemplo, não temos nem laboratórios no País com capacidade de fazer testes para esse tipo de produto”, explica.

Altonaer MuseumBem comum

Existem opções de vidro corta-fogo para 30, 60, 90 e 120 minutos (tempo de resistência). Na Europa, alguns locais adotam o vidro de 30 minutos porque os bombeiros entendem que nesse tempo conseguem dominar um foco de incêndio. Para a obra de São Paulo, os bombeiros adotaram o vidro corta-fogo de 90 minutos, que suporta uma temperatura de até mil graus.

Outras obras desta natureza podem usar como referência o precedente aberto pela Jansen. Como o Corpo dos Bombeiros possui regras próprias em cada unidade da federação, não necessariamente outro Estado irá seguir as mesmas especificações técnicas adotadas em São Paulo.

Isso só reforça a necessidade de uma norma nacional sobre vidros corta-fogo para construções com intenso fluxo de pessoas. Na prática, todos sairiam ganhando: a indústria da construção civil, os fabricantes e distribuidores de vidro e de perfis de aço e, principalmente, as pessoas – que teriam mais segurança em casos de incêndio.

Beleza segura

Todo o material usado para portas corta-fogo é importado. Isso, certamente, encarece o produto e afasta o interesse de empresários em investir nesse item de segurança, que esteticamente não interfere na beleza da construção. Afinal, vidro é sempre vidro. “A porta de vidro corta-fogo é um produto de alto valor agregado. A intenção não é utilizá-la como hoje são usadas as portas corta-fogo nos andares de prédio. É um produto para lugares em que você precisa ter a proteção do vidro sem perder a visibilidade”, fala Dimas.

Exemplos seriam espaços públicos cuja arquitetura não pode abrir mão da segurança, como hotéis, shopping centers, lojas de departamentos, museus, bibliotecas, teatros, hospitais, estações de metrô, entre outros.

Bastante utilizada na Europa, existem situações que só a transparência do vidro corta-fogo é capaz de atender. “Quando você ‘cria’ o produto, passa a existir uma demanda natural por ele, uma necessidade. Eu comparo ao aparelho celular, que hoje é essencial para todos”, completa.

Entenda a diferença

O vidro corta-fogo protege contra chamas, fumaça e calor; ele isola totalmente o ambiente. O vidro para-chama protege contra chamas e fumaça; ele permite que o calor se dissipe para o outro lado.

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