Vidros temperados

Entenda porque este vidro conquistou a preferência do mercado nacional

O sucesso dos vidros temperados entre os brasileiros favoreceu o aumento do consumo de vidros, em geral. Fato registrado na última década, quando o consumo médio de vidros por habitante passou de menos de cinco quilos, para sete quilos.

Assim, a versatilidade do vidro temperado permitiu ao vidraceiro ocupar espaços maiores dentro das construções. O vidro substituiu esquadrias e paredes, ganhou novas aplicações e se desenvolveu tecnologicamente, oferecendo ao consumidor final a vantagem estética, aliada ao menor custo e a praticidade de uma instalação rápida e limpa.

Nesta edição, a revista Tecnologia & Vidro divulga, em anexo, um mapa com alguns dos principais temperadores brasileiros e, para completar, relembra a seguir, as características e a evolução deste vidro que é sucesso nacional.

Definição

Os vidros temperados passam por um tratamento térmico gradativo, que chega até 700 °C, e a seguir sofrem um brusco resfriamento. Esta mudança de temperatura provoca tensões internas de tração e compressão no vidro, dando ao material uma resistência até dez vezes maior do que a do vidro comum.

Outra característica do temperado é que ele é o único tipo de vidro que pode ser utilizado em peça única, sem caixilhos, para a produção de portas. Além disto, ele é considerado um vidro de segurança, pois, em caso de quebra, ele se fragmenta em pequenos pedaços com bordas pouco cortantes, minimizando os riscos de ferimentos mais graves. De acordo com a ANBT, quando quebrado, o vidro temperado precisa apresentar, no mínimo, 50 fragmentos em um quadrado de 5 x 5 cm.

Um pouco de história

O processo de têmpera pode ser feito em forno vertical ou horizontal. Os fornos verticais foram os primeiros a serem usados no setor vidreiro, sendo capazes de temperar de 70 a 100 m² de vidro incolor de 10 mm, em um turno de oito horas de trabalho. Eles foram introduzidos no mercado pelas empresas Santa Marina – atual Saint-Gobain – e a Santa Lúcia Cristais Blindex – Pilkigton-Blindex –, que foram as pioneiras em vidros temperados no Brasil. O primeiro forno vertical foi comercializado apenas em 1987, pela Makivetro. Já os fornos horizontais, que permitem a produção de grandes chapas e pequenas espessuras, conseguem temperar de 250 a 350 m² de vidro incolor de 10 mm, em turno de oito horas de trabalho. Eles chegaram ao Brasil em 1994, trazendo a importante vantagem de não deixar marcas de pinças nos vidros, além da alta produtividade, é claro.

Com o acirramento da concorrência, os temperadores de vidros passaram a investir em equipamentos de ponta para se destacarem no mercado. Atualmente existem fornos instalados no país com capacidade de temperar vidros de grandes dimensões, capazes de curvar e temperar, ou de temperar vidros refletivos e Low-e.

Testando os vidros temperados

A revista Tecnologia & Vidro fez uma bateria de testes no Instituto Falcão Bauer da Qualidade para verificar a resistência de quatro vidros temperados de fabricantes diferentes, todos com espessuras de 4 mm. Os resultados foram divulgados no I Encontro Nacional dos Temperadores de Vidros. Vamos relembrar alguns deles:

1- Temperado é tudo igual?

Os vidros foram submetidos a uma carga de 600 joules cada. Das quatro amostras, três resistiram ao impacto, e uma se quebrou. O fato de apenas uma das amostras ter se quebrado reforça a suspeita de que nem todos os temperados de mesma espessura possuem a mesma resistência. Talvez a qualidade do material de base, ou a qualidade da lapidação, ou ainda os cuidados no manuseio do produto sejam responsáveis por uma melhor performance.

2- Qual é a real resistência dos vidros temperados?

Submetemos o vidro comum de 4 mm de espessura a uma carga gradativa até que ele se quebrasse. A amostra não conseguiu resistir ao impacto de 75 joules. Enquanto isto, um vidro temperado de 4 mm de espessura resistiu ao impacto de 600 joules sem se quebrar. Portanto, não é exagero afirmar que o vidro temperado resiste de oito a dez vezes mais do que o vidro comum de mesma espessura.

3- A espessura de 4 mm é a ideal?

A teoria de que o vidro temperado com 4 mm de espessura é mais resistente que os vidros temperados de 6 mm e de 8 mm, por ser mais flexível, não encontrou apoio nos testes realizados pela Revista Tecnologia & Vidro no Instituto Falcão Bauer de Qualidade. Todas as amostras com espessuras de 6 mm e 8 mm resistiram, com folga, aos impactos de 600 joules.

Temperados em coberturas?

No caso dos vidros de segurança, a norma ABNT/NBR 7199 é clara ao afirmar que: em coberturas M---Trabalho-da-SJL-Madeirase claraboias de vidros só podem ser utilizados os vidros de segurança laminados ou aramados. Isto porque se houver quebra do vidro, ele se mantém preso ao caixilho até que seja providenciada sua substituição.

Para indicar o uso de temperados em coberturas, muitos vidraceiros recomendam a utilização de películas tipo “insulfilm” sobre o vidro. Mas, na verdade, esta não é uma solução e muitas vezes agrava o problema, pois a peça inteira da cobertura pode cair sobre um usuário de uma única vez. O “insulfilm” é uma marca e não um produto. Geralmente serve para designar as películas de controle solar ou decorativos, semelhantes aos que são usados nos automóveis. No entanto, estas películas adesivas são mais fi nas do que uma folha de papel e não suportam o peso do vidro temperado quando ele se quebra.

Embora a norma técnica não seja uma lei com punições específicas previstas aos infratores, no caso de um acidente que resulte em processo contra a vidraçaria, a venda será considerada irregular por se enquadrar no Código de Defesa do Consumidor. Com isto, as punições do Código passam a valer neste caso, podendo resultar em multas, indenizações e até no fechamento da vidraçaria infratora.

Temperado quimicamente

A têmpera química resulta num vidro de extrema rigidez mecânica, que vem sendo usado principalmente nas telas dos smartphones com touch-screen.shutterstock_101241820-tratada

O processo é alternativo à têmpera térmica. Ele é feito pela troca de íons na qual uma lâmina de vidro com pelo menos 100 (micrometros) é imersa num tanque de nitrato de potássio derretido. O processo força os íons do nitrato de potássio aos óxidos de sódio do vidro.

A boa notícia é que esta tecnologia está migrando para o ramo da construção civil. No Brasil, os vidros quimicamente temperados serão usados na cobertura dos bancos de reserva de todos os 16 estádios que sediarão a Copa do Mundo 2014. Eles estão sendo fornecidos pela AGC do Brasil, e, de acordo com a fabricante, cada banco de reservas leva uma quantidade de vidro equivalente a sete mil smartphones.

Expandindo fronteiras para o mercado moveleiro

cult_mesa-de-centro_petro_com-vidroNos países europeus há bastantes móveis com vidro. Mas no Brasil, esta tendência ainda é bem distante. O vidro entra no mercado mobiliário brasileiro principalmente em prateleiras, tampos de mesas, portas de correr e outras aplicações restritas, nas quais o vidro pode ser facilmente substituído por outros materiais.

Para explorar melhor as possibilidades de trabalho do vidro temperado, a designer de produtos, Silvia Grilli, explica que o setor vidreiro precisa se aproximar e conquistar o setor moveleiro, aumentando a oferta de componentes prontos para o vidmesa_de_centro_de_vidro_simplero, desenvolvendo parceiras para aumentar a oferta de ferragens, fornecendo amostras para designers e especificadores, mantendo um canal de comunicação com este público especificador e investindo na capacitação de mão de obra especializada para atender ao setor moveleiro.

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